Ao fim de 2016, tivemos uma ligeira alta do mercado internacional, que se manteve para o início de 2017. Foram dois anos difíceis para o setor da borracha e esta brisa traz consigo um alento. Essa alta traz também consigo a esperança de afastar o fantasma do PEPRO que, embora tenha nos auxiliado, é remédio amargo que gostaríamos de evitar, usando-o somente em última necessidade.
Assim, o que está na cabeça de todo produtor é se essa recuperação veio para ficar. Para responder esta dúvida, é importante nos cercarmos tanto de boa informação como de cautela.
É verdade que, avaliando o desempenho internacional da borracha no período, destaca-se a influência do preço do petróleo, que começou o ano de 2016 a USD27 o barril, terminando o período acima dos USD57. Este é um fator favorável aos preços, pois à medida que a Borracha Sintética (feita de petróleo) encarece, passa a haver uma maior presença de Borracha Natural nas formulações da Indústria, o que reflete em aquecimento da demanda pelo produto.
Esta demanda tende a crescer mais ou menos de acordo com o desempenho geral da economia global. Para 2017, as perspectivas são menos pessimistas do que eram para 2016 e isto pode ser positivo.
Com relação à oferta, já no início deste ano, a Tailândia, reponsável por 37% da produção mundial, teve sua área produtiva inundada por chuvas, que paralisaram a produção do país. Previsões das autoridades locais dão conta de uma quebra de safra de pelo menos 360 mil toneladas. Para se ter uma ideia, este volume representa quase duas vezes toda a produção anual brasileira.
A taxa de câmbio do Dólar, importante fator na formação de preços para a Borracha Natural brasileira, também se encontra favorável, com perspectivas animadoras conforme a taxa de juros brasileira cai e a americana sobe.
Acerca da cautela, vale dizer que a manutenção do atual patamar dos preços do petróleo depende do sucesso da política de restrição da produção mundial, que não raro falha, e ainda sofre risco de concorrência de fontes alternativas, como o Gás de Xisto norte-americano.
Sobre a oferta de Borracha Natural, nossa previdência vem da constatação de que é esperada no mundo, segundo dados da ANRPC, a entrada de mais 460 mil novos hectares de seringueira até junho deste ano. Estes devem se juntar a extensas áreas que não estavam sendo sangradas nos últimos anos em razão dos baixos preços. A combinação destes fatores pode impedir que os preços deem saltos muito substanciais e até pressioná-los negativamente.
A prudência, para o produtor, é estar atento à eficiência da produção no seu seringal, garantindo a execução de boas práticas produtivas e de gestão. Altos e baixos são comuns a toda atividade agrícola. Também é de grande importância manter-se em ritmo com a evolução das práticas produtivas, sempre em busca de produzir mais e melhor.
Vamos em frente agora em 2017, fortalecendo nossa Associação na luta pelo desenvolvimento sadio de nossa Cadeia Produtiva e, se houve pedras no nosso caminho em 2016, vamos juntá-las para que sirvam de alicerce na construção de um 2017 cheio de realizações para nossa Heveicultura.
Wanderley Sant’Anna
Presidente da Apabor – Associação Paulista de Produtores e Beneficiadores de Borracha
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